Sabe quem projetou o Edifício Itália ( cujo nome oficial é Circolo Italiano )?
Adolf Franz Heep
Manfredo Gruenwald, Franz Heep (Ao meio) e José Moscardi, no IAB/SP, em 1977; ao fundo, Paulo Mendes da Rocha
Adolf Franz Heep (Fachbach, Alemanha 1902 - Paris, França 1978). Arquiteto. Forma-se na Escola de Artes e Ofícios de Frankfurt em 1926, e logo começa a trabalhar com seu ex-professor Adolf Meyer (1881 - 1929) no Departamento Municipal de Construções da cidade. Em 1928, transfere-se para Paris, e ingressa no curso da
École Spéciale d'Architecture, instituição independente da tradição de
belas-artes, onde leciona Robert Mallet-Stevens (1886 - 1945). Ali, Heep trabalha com André Lurçat (1894 - 1970) e com Le Corbusier (1889 - 1965), de quem é colaborador até 1932. Em seguida, associa-se ao arquiteto polonês Jean Ginsberg (1905 - 1983), e realiza uma série de edifícios de apartamentos em Paris, entre os quais se destacam o da Avenue de Versailles, de 1933, o da Avenue Vion-Whitcomb, de 1934, e o da Rue des Pâtures, de 1935. Com a escassez de trabalho no contexto europeu do pós-Segunda Guerra Mundial, imigra para o Brasil em 1947, mais especificamente para São Paulo, em situação semelhante a outros arquitetos racionalistas europeus, como o austríaco Bernard Rudofsky (1905 - 1988), os poloneses
Lucjan Korngold (1897 - 1963) e Victor Reif, e os italianos Giancarlo Palanti (1906 - 1977),
Lina Bo Bardi (1914 - 1992) e Daniele Calabi (1906 - 1964).
Na capital paulista, emprega-se no escritório de outro arquiteto imigrante, porém já radicado no Brasil há mais de trinta anos: o francês
Jacques Pilon (1905 - 1962). Com Pilon, participa da elaboração do edifício-sede do jornal
O Estado de S. Paulo, introduzindo elementos modernos como o
brise-soleil em um projeto originalmente
art déco. Em 1950, trabalha por um breve período com Henrique Mindlin (1911 - 1971), e abre escritório próprio dois anos depois. A partir daí, atua predominantemente no mercado de incorporações voltado para edifícios residenciais, desenhando desde apartamentos de luxo, no bairro de Higienópolis, até quitinetes no centro de São Paulo. Destacam-se, no primeiro caso, os edifícios
Ouro Verde, 1952,
Ibaté, 1953,
Ouro Preto, 1954,
Guaporé, Buriti, 1956,
Lausanne, e as torres gêmeas
Lugano-Locarno, 1958. No segundo caso, os edifícios
Marajó, 1952,
Normandie,
Arapuan,
Icaraí,
Maracanã,1953,
Araraúnas, 1955,
Iporanga, 1956, e
Arlinda, 1959.
Sua obra mais conhecida é o Edifício Itália, 1953, com uma volumetria tripartite em que se destaca uma torre esbelta demarcada visualmente por brises-soleil de alumínio. Dá aulas de projeto na Faculdade de Arquitetura da Universidade Presbiteriana Mackenzie entre 1958 e 1965. Em seguida, trabalha como membro do Conselho de Arquitetura da Organização das Nações Unidas - ONU para os países latino-americanos, período em que concebe um projeto urbanístico no Peru, com 1.500 habitações, usando fôrmas metálicas deslizantes. Projeta uma cidade-satélite em Assunção, Paraguai, em 1968. Em agosto de 1977, o Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo - IAB/SP promove um evento em sua homenagem, organizado por Salvador Candia (1924 - 1991).